hamlet surrealista

Desviando um pouco do âmbito das produções especificas da companhia sempalco, o grupo está reunido na iniciativa projectos independentes da ESCOLA SUPERIOR DE MÚSICA E ARTES DO ESPECTÁCULO, uma vez que todos os membros são actualmente estudantes no curso superior de teatro/interpretação da escola referida. O projecto parte do texto de Hamlet escrito por Luis Buñuel e traduzido por Mário Cesariny. Uma escrita surrealista que deixa o livro por si só ser uma autêntica obra de arte, utilizando uma linguagem apelativa à imagem que transporta o leitor para um mundo sensorial que se rege por uma não-lógica e uma sucessão de actos e cenas que apresentam uma coerência inerente aos próprios surrealistas dos anos vinte e que procuravam transcrever directamente para o papel, ou para a imagem (pintura, escultura, etc...) o mundo dos sonhos.
Em "Hamlet" encontramos um conjunto de personagens obstinadas com a sua própria existência e que surgem como fragmentos dos originais de Shakespeare. O classissismo está presente sobretudo no tipo de escrita utilizada.
Pretendemos numa fase inicial ultrapassar as dificuldades que existem em transformar o sonho em realidade, e passá-lo directamente para a cena teatral criando uma teia de movimentos e de palavras que através do caos, como numa camisola de lã, se entrelaçam perfeitamente para criar um sentido passível de diferentes interpretações.
Com a influência das obras de arte de Buñuel procuramos um surrealismo que transfira para a representação ao vivo a noção de pesadelo/sonho criando um conjunto de situações que apelem à imaginação do público, e que desperte sensações fortes que influenciem o âmago do espectador a gostar ou a odiar este espectáculo. Como um pesadelo, que não gostamos por mexer directamente nas entranhas da existência humana, fazer sobressair os nossos medos, e que ao mesmo tempo impossível de esquecer. É esta a cicatriz que queremos deixar... e o nosso pressuposto é experimentar e quem sabe, acertar.
palavras chave: Buñuel; Surrealismo; Sensações; Imaginação; Sonho vs. Pesadelo.

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